02 agosto 2008

Jovens ocupam 7,8% dos empregos gerados no Brasil, diz OIT

Dos 14,7 milhões de empregos gerados entre 1986 e 2006 no País, os jovens entre 15 e 24 anos ocuparam apenas 7,8% do total. Foi o que apontou uma pesquisa inédita da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Com o apoio do projeto de Promoção do Emprego de Jovens na América Latina (Prejal), o estudo traça, com base em microdados da Pesquisa Nacional de Domicílio (PNAD) de 2006, o perfil do jovem de 15 a 24 anos. O relatório que será divulgado em outubro apontará, ainda, caminhos a serem seguido por governos e empresas na busca de soluções para o desemprego juvenil.
O estudo também usou dados do Ministério do Trabalho. Entre as conclusões do documento, está que a insuficiência do sistema educacional brasileiro e a pouca escolaridade leva, na maioria das vezes, os jovens a entrarem no mercado de trabalho de maneira precária.
Por isso, a desvantagem dos jovens no mercado de trabalho é maior, apesar de passarem mais tempo na escola que os adultos. Enquanto 41% dos adultos têm de zero a quatro anos de estudo, 11,9% dos jovens de 15 a 24 anos possuem essa mesma escolaridade. Já para a faixa de escolaridade de nove a 11 anos de estudo, o percentual de adultos é de 24% e 44% para jovens.
A juventude brasileira está concentrada, predominantemente, em áreas urbanas. Em 2006, do total de 34,7 milhões de jovens entre 15 e 24 anos, 28,9 milhões (83,3%) moravam em áreas urbanas e 5,8 milhões (16,7%) encontravam-se no campo.
A desigualdade educacional também persiste entre esses jovens: apenas 1,4% dos jovens rurais tinha 12 anos de estudo ou mais. Esse percentual atingia 9,8% dos jovens das cidades.
As desigualdades regionais também pesam, a taxa de analfabetismo entre os jovens era, em 2006, de 0,9% na região Sul e 5,3% no Nordeste.
InformalidadeOs jovens são, no Brasil, as principais vítimas da precariedade do mercado de trabalho informal. A taxa de informalidade entre eles afeta 60,5% dos jovens trabalhadores ocupados.
De acordo com o relatório, a probabilidade de um jovem com até quatro anos de estudo estar no setor informal é o dobro daquela prevalecente para uma pessoa de 15 a 24 anos com 12 anos ou mais de estudo.
Apesar dos números, a coordenadora nacional do Prejal, Karina Andrade, diz que o Brasil tem demonstrado esforço em promover empregos aos jovens, mas ainda há muito a ser feito.
Segundo ela, a criação de conselhos estaduais da juventude seria um passo positivo na busca de políticas públicas voltadas para os jovens e aponta que a profissionalização de qualidade é um dos caminhos. "Não dá para falar em trabalho sem falar em educação", afirma.
Para a presidente da UNE, Lúcia Stumpf "O Estado brasileiro sempre tratou a juventude com descaso. São muito recentes as iniciativas como a que criou o Conselho Nacional de Juventude, que valorizam o jovem nos espaços de decisão. Os dados apontados pela pesquisa demonstram que é necessário um maior investimento na educação dos jovens principalmente no que diz respeito à democratização do acesso à Universidade, além de incentivos à formalização do trabalho da juventude com políticas de primeiro emprego".


Da Redação
Com Jornal do Brasil
União Nacional dos Estudantes - UNE

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